Fases do Desenho

FASES DO DESENHO

PIAGET
Para Piaget a criança desenha menos o que vê e mais o que sabe. Ao desenhar ela elabora conceitualmente objetos e eventos. Daí a importância de se estudar o processo de construção do desenho junto ao enunciado verbal que nos é dado pelo indivíduo. 

“O desenho é precedido pela garatuja, fase inicial do grafismo. Semelhantemente ao brincar, se caracteriza inicialmente pelo exercício da ação. O desenho passa a ser conceituado como tal a partir do reconhecimento pela criança de um objeto no traçado que realizou. Nessa fase inicial, predomina no desenho a assimilação, isto é, o objeto é modificado em função da significação que lhe é atribuída, de forma semelhante ao que ocorre com o brinquedo simbólico.”

A primeira delas é a Garatuja, que se subdivide em: Garatuja Desordenada e Garatuja Ordenada. Período relacionado com a fase Sensório-Motora (0 a 2 anos) e também parte da Pré-Operatória (2 a 7 anos).
A Garatuja Ordenada caracteriza-se por movimentos mais distantes e circulares, apesar de conseguir desenhar caracóis. Seu limite não ultrapassa as margens da folha mesmo tentando utilizar todo espaço possível, neste estágio ela não se preocupa com a posição, tamanhos ou ordens em que cada desenho está localizado e sim pelas formas.

A segunda fase destacada por Piaget (1976), é a Pré-Esquematismo, (pré-operatória) que por sua vez faz relações entre desenho, pensamento e realidade. Esta descoberta para a criança parte de suas emoções, onde seus traçados ou cores não têm relação com características reais, apenas utilizam da sua imaginação para desenharem e estes elementos finais são dispersos que não se relacionam entre si.

 A terceira fase conhecida como Esquematismo, caracteriza-se pelos esquemas representativos que se inicia na construção de novas formas que por ela eram isentas. A cada categoria de objetos a criança cria uma forma diferente de expressão e entendimento. Exemplo: categoria = pássaro, forma = letra V. Ainda neste estágio elas percebem o uso da linha do caderno como base, facilitando sua escrita e também seus traçados e descobrem a relação cor-objeto, característica que era desconhecida na fase anterior, pois partiam de suas emoções e não da realidade.

Piaget (1976) destaca na quarta fase o Realismo, final das operações concretas, que por sua vez aparecem a consciência do sexo e a autocrítica pronunciada, para isto as crianças fazem uma diferenciação no que se trata do primeiro conceito, elas colocam uma acentuação nas roupas dos seus personagens para diferenciarem os sexos, mas sua consciência consegue perceber as diferentes características, ou seja, o que é para menino e o que é para menina.


George-Henri Luquet

George-Henri Luquet (1969), que ao contrário de Iavelberg (2013), desconstrói a ideia de cultura na criança acredita que o realismo é uma “tendência natural da representação gráfica, pela escolha de motivos e também pelos seus fins” (IAVELBERG, 2013, p.37). No qual, destaca o prazer como referência em seu aspecto visual ou pela própria reprodução da realidade.

 1 – Realismo Fortuito: Este primeiro é a fase inicial da produção gráfica e como mencionado anteriormente, o prazer é o ponto principal que faz a criança desenhar. Ele acredita que ela descarrega seu desejo de modo que a faz repetir esta ação novamente. Esta repetição é destacada neste estágio com o ato da ação, a criança visualiza o que os adultos fazem e tentam repetir da mesma maneira, sendo assim, ela desenha por imitação e repete por prazer. Aos poucos ela vai percebendo que ao desenhar está construindo uma simbologia, relacionando algo desenhado com algum objeto, surgindo à representação destas analogias.

2 – Realismo Fracassado Como já estabelecido, a criança ao desenhar faz relação com a vivência adulta e as transmite, mas para chegar a ser realista como ela acredita, passa por obstáculos e as dificulta nesta tarefa. O autor indica duas ordens de obstáculos, que se encontram neste estágio: “física, deficiência na execução, e psíquica, caráter descontínuo da atenção ou incapacidade sintética, quando a criança percebe o geral dos detalhes, mas não consegue executar”, (IAVELBERG, 2013, p. 38). Daí o título pelo qual nomeou este estágio.

 3 – Realismo Intelectual Em oposição à anterior, este estágio é um avanço para as crianças, pois elas conseguem alcançar o desenho realista, que é “superada por sua incapacidade sintética.” (IAVELBERG, 2013, p. 38) Agora ela já consegue transmitir todos os princípios da realidade, pois sua intelectualidade vai além do concreto, isto é, que podem ser vistos por ela ou não. Mesmo que ela não enxergue o alvo do seu desenho, ela traz para consigo todos os elementos reais para o grafismo, desenhando tudo o que já está internalizado em si, tudo o que já sabe e conhece.

4 – Realismo Visual
Sobre a reflexão acima, podemos entender que a criança tem sim ligação sobre o aspecto cultural quando desenha, pois através da sua realidade de vida e experiência é que ela consegue expor nos seus traços tudo o que sente, pois esta vivência da criança está carregada de significações. No Realismo Visual de Luquet (1969), discutido por Mèredieu (2006), perde-se este humor que a criança tem e tende a se juntar com as produções adultas, desta forma o desenho infantil chega ao fim, ocorrendo o empobrecimento e o enxugamento do grafismo, acontecendo entre os doze anos e muitas vezes antecipam aos oito anos de idade.



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